A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou por injúria transfóbica, crime com pena de até cinco anos de prisão, seis suspeitos de agredir três travestis com um extintor de incêndio em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em fevereiro deste ano. Os detalhes foram divulgados pela corporação nesta segunda-feira (9).
Segundo o delegado Marcus Vinicius Monteiro, que investigou o caso, eles queriam “apagar o fogo das meninas”. Os criminosos se filmaram acionando os extintores em direção ao rosto das vítimas e as humilhando. As imagens foram divulgadas pelos suspeitos nas redes sociais.
As agressões aconteceram nos bairros Jardim Industrial e Água Branca e, segundo as vítimas, elas são recorrentes. De acordo com o delegado, os investigados fazem parte do movimento do grau, manobra que empina e equilibra a motocicleta em apenas uma roda.
Além da injúria transfóbica, eles foram indiciados por furto qualificado, associação criminosa e crime de trânsito, como conduzir veículo sem habilitação e direção perigosa.
O delegado afirma que a Polícia Civil passou a investigar o caso após os vídeos das agressões circularem pela internet.
“Instauramos um inquérito policial de imediato, tentando identificar as vítimas. Elas foram localizadas, ouvidas e confirmaram que foram vilipendiadas e agredidas verbalmente. Posteriormente, cumprimos um mandado de busca e apreensão no principal investigado, que teria divulgado essas imagens em rede social. Com esses elementos, conseguimos identificar outros cinco envolvidos”, explicou.
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Monteiro afirma que os seis suspeitos usaram três motocicletas para ir até as vítimas.
“Eram três casais. Eles se encontravam reunidos em Contagem quando o principal investigado teve a ideia, segundo ele, de apagar o fogo das meninas. Então, com o extintor, eles foram para o primeiro local. Eles gravaram a ação criminosa e, posteriormente, de deslocaram 5 km para continuar a empreitada criminosa. Não satisfeitos, eles furtaram o segundo extintor de um posto de gasolina e o principal investigado fez uma live se justificando. Se é que dá para se justificar”, disse.
O delegado explica que o crime de injúria racial é equiparado ao crime de racismo, segundo a legislação brasileira.
“A injúria transfóbica tem a mesma mesma pena da lei do racismo: é imprescritível, inafiançável e o estado pode representar as vítimas em razão da gravidade e da vulnerabilidade. Ela tem a mesma consequência da lei de racismo”, detalhou.
A Polícia Civil afirma que pediu um mandado de prisão para os suspeitos, o que foi negado pela Justiça. Agora, os seis respondem em liberdade.