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Maior árvore do sudeste brasileiro ameaçada de extinção é descoberta na Mata Atlântica, em Minas Gerais

A descoberta é um marco significativo para o bioma Mata Atlântica e reforça a importância da proteção e da preservação ambiental

No coração da Mata Atlântica, uma descoberta recente revelou a maior árvore já registrada no Sudeste brasileiro. Com 50 metros de altura, o imponente jequitibá-rosa (Cariniana legalis) foi encontrado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Macedônia, uma unidade de conservação em Ipaba (MG), administrada pela CENIBRA.

A descoberta é um marco significativo para o bioma Mata Atlântica e reforça a importância da proteção e da preservação ambiental. Em um cenário onde os incêndios florestais têm devastado grandes áreas verdes em todo o país, o Jequitibá torna-se um símbolo de sobrevivência.

Inicialmente, a árvore foi avistada por imagens de satélite. O que chamou a atenção foi o destaque da sua copa, com mais de 700 metros quadrados - equivalente a sete quadras de vôlei juntas - que projetava uma grande sombra sobre as outras árvores.

“Quando observamos a imagem de satélite, ficou claro que estávamos lidando com uma árvore monumental”, relata Jacinto Lana, especialista da coordenação de Gestão Ambiental da CENIBRA.

Uma equipe multidisciplinar foi organizada para investigar a descoberta e com o auxílio de drones e a tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging), a altura de 50 metros foi confirmada. Essa tecnologia utiliza lasers para medir distâncias, o que permite ver detalhes do solo e das árvores, mesmo em áreas densamente florestadas.

Segundo Bruno Ferraz, especialista do departamento de Planejamento e Pesquisa Florestal, com o LiDAR foi possível detectar uma altura de 48,946 metros, porém não havia garantia de que o ramo mais alto da árvore fosse interceptado pelo laser, podendo resultar em uma diferença de até um metro.

“Ao usarmos o drone, movemos as camadas superficiais de folhas no chão, permitindo que a medição começasse exatamente do nível da base da árvore. Ao combinar as duas técnicas foi possível chegar a uma medição precisa, o que validou nossas expectativas quanto à dimensão dessa árvore”, detalha Bruno.

Após a apuração da altura era necessário descobrir a espécie. A identificação só foi possível graças a um único fruto que se soltou de forma antecipada, oferecendo uma rara oportunidade de confirmação. Era o que faltava para reconhecer o jequitibá-rosa, uma espécie ameaçada de extinção.

Impacto da Descoberta

Embora jequitibás dessa magnitude sejam mais comuns na Amazônia, encontrar uma árvore dessa proporção na Mata Atlântica demonstra a resiliência e importância deste bioma. De acordo com registros do site Árvores Gigantes, especializado em catalogar oficialmente árvores monumentais, o maior jequitibá registrado tem 43,8 metros, localizado em São Paulo. Com isso, o jequitibá-rosa da RPPN Fazenda Macedônia passa a ser a maior árvore do Sudeste brasileiro e a terceira maior da Mata Atlântica já documentada.

“A proteção dessas árvores é fundamental, pois elas sustentam a biodiversidade e são testemunhas vivas da história natural do Brasil”, destaca Thales Claussem, analista ambiental da coordenação de Responsabilidade Social da CENIBRA.

O próximo desafio será estimar a idade da árvore, e acredita-se que o jequitibá-rosa possa ter mais de 600 anos. Para isso, pesquisas já estão sendo planejadas em colaboração com especialistas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Preservação e sustentabilidade na Fazenda Macedônia

O jequitibá-rosa destaca o papel da RPPN Fazenda Macedônia como uma área essencial para a preservação da biodiversidade. Fundada há três décadas, a RPPN foi a primeira do Sudeste reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo IBAMA, por meio da Portaria nº 111, de 14 de outubro de 1994.

É considerada também uma Área de Alto Valor para Conservação (AAVC), que designa áreas de extrema importância biológica, ecológica, social ou cultural. O principal atributo que confere a Fazenda Macedônia uma AAVC é a presença de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.

Com mais de 560 hectares de florestas nativas preservadas, a reserva abriga diversas espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção. Os estudos e monitoramentos da biodiversidade já realizados na RPPN possibilitaram, até o momento, o registro 15 espécies de aves e 9 de mamíferos presentes em listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção na natureza.

“Há um verdadeiro ecossistema em sua copa, com orquídeas, cipós, ninhos de aves e diversas plantas epífitas, reforçando a importância dessas árvores para a biodiversidade local e a necessidade de sua preservação”, explica Jacinto Lana, especialista da coordenação de Gestão Ambiental.

Pesquisas Futuras e compromisso ambiental

A descoberta também aguçou a curiosidade da equipe multidisciplinar, formada por engenheiros ambientais, florestais e biólogos, e novas pesquisas estão sendo planejadas para explorar as demais áreas protegidas pela CENIBRA. A Empresa maneja uma área total de 254.070,53 hectares, sendo 105.730,95 destinados a Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e vegetação nativa. A expectativa é de que novas árvores monumentais sejam encontradas.

Kelen Moreira enfatiza que a descoberta do jequitibá traz um novo fôlego às discussões sobre a preservação dos últimos remanescentes de Mata Atlântica. “Precisamos garantir a longevidade dessas árvores e dos ecossistemas que as cercam, e essa descoberta destaca a importância de ações contínuas de conservação”, afirma a coordenadora de Gestão Ambiental.

Outro marco para a CENIBRA foi a recente obtenção da certificação LIFE, que reconhece o compromisso da Empresa com a preservação da biodiversidade. A certificação é concedida a organizações que demonstram excelência na gestão de áreas naturais e na adoção de práticas ambientais sustentáveis.

“Somos a primeira empresa do setor a ser certificada pela LIFE. E a descoberta do jequitibá é mais uma evidência de que nossas áreas de conservação são essenciais para a proteção da biodiversidade”, complementa Kelen Moreira, coordenadora de Gestão Ambiental.

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