A família da adolescente de 16 anos que denunciou ter sido vítima de estupro coletivo está “perplexa” diante a decisão do juiz Paulo Cesar Mourão Almeida, da 1ª Vara Especializada em Crimes contra a Criança e Adolescente de BH, que determinou a soltura de um jogador de futebol e de dois amigos suspeitos do crime. O caso foi registrado em 31 de março, e os três foram presos entre 26 e 27 de julho.
“A vítima, os familiares e os amigos estão muito abalados com a situação que aconteceu em março deste ano e, também, perplexos com a decisão judicial que, ao nosso ver, não foi de forma acertada”, disse a advogada da família e vítima, Priscila Gabrielle Rodrigues Carvalho, à Itatiaia, nessa segunda-feira (12).
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A determinação da semana passada veio após defesa do jogador Lucas Duarte de Almeida, de 20 anos, apresentar à Justiça um vídeo gravado por ele e pelos dois amigos que, segundo eles, prova não ter havido estupro.
O advogado de Lucas também apontou que não haveria provas de ameaças contra a garota e que as “lesões corporais nela atestadas foram mera decorrência do cenário fático”.
A defesa de Lucas chegou a pedir para que ele não precisasse usar tornozeleira eletrônica — o que o atrapalharia de praticar futebol, mas o pedido foi negado, já que desde 25 de janeiro ele está sem contrato com clubes.
“Daremos esforços para que tudo seja apurado a pleno rigor com o apoio do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, assim como também buscando as comissões de direitos humanos e dos movimentos feministas. Não podemos admitir, sobretudo, a cultura do estupro”, acrescentou.
Relembre o caso
Segundo a delegada Letícia Müller, que investiga o caso, o atleta foi o mentor do crime. Na data, ele e dois amigos, ambos com 19 anos, foram a uma boate em Belo Horizonte com a vítima.
Como a adolescente era menor de idade, ela não pôde entrar na casa noturna e ficou do lado de fora. O grupo, então, decidiu ir até a casa de um dos jovens de 19 anos, no bairro Palmares, região Nordeste de BH.
Ao chegarem na residência, o rapaz de 20 anos foi para o quarto com a adolescente. O jovem é jogador de futebol das categorias de base de um clube profissional da cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, mas mora na capital mineira.
A princípio, o casal teria uma relação sexual consentida, mas o jogador chamou os amigos, que estavam na sala, para participar. Pelo telefone, o suspeito disse que a menina teria topado se relacionar com os três, o que não era verdade.
PC não se manifesta
Após a decisão, a reportagem voltou a procurar a Polícia Civil. Por meio e nota, corporação informou “que o inquérito encontra-se em andamento” e que a PC “não se manifesta sobre decisões judiciais”.