A jovem de 23 anos presa por stalkear um médico de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, teve mais um pedido de revogação de prisão preventiva negada pela Justiça. A decisão negativa contra Kawara Welch Ramos Medeiros foi assinada nesta quinta-feira (8) pelo juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira, o mesmo magistrado que marcou o início do julgamento da acusada para setembro (relembre detalhes do caso no fim da matéria).
Em uma carta escrita à mão, Kawara relatou à Justiça que, antes da prisão, ‘tinha uma vida normal, sendo que estudava, era assídua em atividades universitárias, tirava notas altas e já tinha projeto para iniciação científica’. Porém, após ser presa no dia 8 de maio, sua saúde teria se debilitado. Um relatório assinado por um médico afirma que a jovem está sofrendo de desnutrição grave e diminuição do índice de massa corpórea (IMC), o que poderia causar comorbidades. A jovem também teria sido agredida por detentas.
O argumento, porém, não foi aceito pelo juiz, que destacou um trecho do relatório que diz que Kawara ‘enfrenta desafios para realizar exames e obter tratamentos, em parte devido a situações pessoais’. Para a Justiça, isso seria uma evidência de que a jovem estaria deixando de comer de forma voluntária para prejudicar a própria saúde e, assim, ir para a prisão domiciliar. ‘Destaco que é sabido que as unidades prisionais do Estado de Minas Gerais fornecem alimentação de qualidade aos presos’, cita o juiz na decisão.
Por esses motivos (além dos descumprimentos de medidas protetivas anteriores), a Justiça preferiu negar o pedido de revogação de prisão preventiva. Porém, o juiz determinou que a jovem seja abrigada em uma ‘cela segura com presas pacíficas’, para que ela não volte a ser agredida. Além disso, Kawara deve ser encaminhada para consultas com cardiologistas e endocrinologistas com urgência.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que não foi registrada nenhuma queixa na direção da unidade prisional. ‘Vale informar que a custodiada, assim como as demais detentas, recebe quatro refeições diárias, sendo café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. Informamos, ainda, que a presa recebe acompanhamento pela equipe de saúde da penitenciária, sem apresentar intercorrências. Todas as denúncias devidamente formalizadas são apuradas administrativamente com rigor, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório', conclui o órgão em nota.
‘Bebê Rena’ mineira
Kawara Welch foi presa no dia 8 de maio, na sala de aula de uma faculdade de Ituiutaba. A jovem, que se apresenta como artista plástica nas redes sociais, é suspeita de crime de stalking contra um médico de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Kawara Welch teria começado a alimentar uma obsessão pelo médico após uma consulta e tinha a expectativa de ter um relacionamento amoroso com ele. CLIQUE AQUI para saber mais sobre o caso.
A primeira etapa do julgamento de Kawara Welch acontece no dia 10 de setembro, quando será realizada a audiência de instrução e julgamento da suspeita. Kawara Welch Ramos de Medeiros responde na Justiça pelos crimes de perseguição (stalking) qualificada, roubo (com o apoio de uma ou mais pessoas) e desobediência. Dalva Pereira Ramos, mãe de Kawara, também responde por roubo.
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O que é stalking?
De acordo com a lei 14. 132 de 31 de março, do art. 147-A ao Código Penal, o crime de perseguição - Stalking - é quando uma pessoa persegue alguém, por qualquer meio, seja por mensagens ou pessoalmente. A pena varia de seis meses a dois anos de prisão, além de multa.
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