Quatro integrantes da Máfia Azul, a torcida organizada do Cruzeiro, acusados de participarem da morte do atleticano Mateus de Freitas Ferreira, assassinado em 2021, serão levados a júri popular nesta quarta-feira (7). O julgamento será realizado a partir das 8h30 no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte.
Os réus Riquelme Enderson Ribeiro da Silva, Samuel Paixão de Souza, Luiz Gustavo da Silva Veloso e Pedro Henrique Coimbra Braga são acusados de participarem de um ataque a um ônibus do Atlético Mineiro na região do Barreiro, em BH, no dia 28 de novembro de 2021. Os quatro aguardam o julgamento em liberdade.
Eles são suspeitos de jogarem pedras, pedaços de pau, barras de ferro e bombas no interior do coletivo. Os ocupantes do ônibus conseguiram fugir, alguns com ferimentos, mas Mateus morreu no local. Ele era atleticano e tinha 20 anos.
Os quatro são acusados de homicídio qualificado, sendo os agravantes, como: motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vitima. Em relação às demais vítimas do ônibus feridas, os réus respondem por nove tentativas de homicídio, com as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima (emboscada).
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, os quatro são integrantes da Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro Esporte Clube, principal rival da Galoucura, do Clube Atlético Mineiro.
Segundo o MP, os acusados interceptaram o ônibus Move da linha 6350 (Estação Vilarinho/Estação Barreiro), onde estavam os torcedores do Clube Atlético Mineiro, impedindo o deslocamento do veículo. Em seguida, os réus iniciaram os ataques, bloqueando as portas do coletivo, não deixando ninguém sair, fossem torcedores ou não.
Após os ataques, os denunciados foram detidos. A polícia encontrou com eles três bastões de madeira, cinco bombas de fabricação caseira, um soco inglês e um fogo de artifício. Em razão das provas coletadas, o MP denunciou os cruzeirenses.
Dois réus já foram julgados e condenados
Além dos quatro cruzeirenses que serão julgados nesta quarta, outros dois acusados já foram julgados em maio de 2023. Gustavo Luiz da Silva e Walker Marcelino Gouveia foram considerados culpados e condenados a mais de 50 anos de prisão cada.
Segundo o Ministério Público, os denunciados cometeram o homicídio por motivo torpe, definido como crime de ódio, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e com uso de meio cruel.
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A pena de cada um dos acusados foi:
- Gustavo Luiz da Silva: condenado a 61 anos e 8 meses de reclusão em regime fechado por homicídio consumado triplamente qualificado e mais oito homicídios tentados, sendo 19 anos por homicídio consumado e 5 anos e 4 meses para cada 8 tentativas de homicídio.
- Já Walker Marcelino Gouveia: condenado a 56 anos e 4 meses de reclusão por um homicídio consumado triplamente qualificado e sete homicídios tentados, sendo 19 anos por um homicídio consumado triplamente e 5 anos e 4 meses por cada um das sete tentativas de homicídio.
Relembre o caso
Integrantes da Máfia Azul interceptaram um ônibus da linha 6350 (Estação Vilarinho/Estação Barreiro) que passava pelo Anel Rodoviário, na altura do bairro Novo das Indústrias, na região do Barreiro. O ataque foi na noite do dia 28 de novembro de 2021, após um jogo entre Atlético e Fluminense.
Os torcedores cruzeirenses arremessaram pedras, pedaços de pau, barras de ferro e bombas. O atleticano Mateus de Freitas Ferreira, de 20 anos, estava no coletivo e tentou fugir, mas morreu durante o ataque. Outros nove passageiros, a maioria moradores do Barreiro, ficaram feridos.
Por conta da morte de Matheus, a presença da torcida organizada Máfia Azul em todos os estádios do país foi proibida durante seis meses. O banimento vigorou até maio de 2022.
*Com informações de Célio Ribeiro