Enquanto os atletas brasileiros conquistam importantes medalhas nos jogos olímpicos de Paris, um jovem mineiro também pode dizer, com orgulho, que é campeão - e na modalidade educação. O estudante Raí Barros Moura Naves, de 16 anos, conquistou duas medalhas - uma de ouro e outra de bronze - em uma olimpíada de matemática em Singapura.
À Itatiaia, ele repercutiu as conquistas fora do Brasil. “Me sinto muito lisonjeado, essa conquista representa muito para mim. Eu sempre participei de olimpíadas e, desde pequeno, sempre obtive resultados bastante satisfatórios, sempre conquistei muitas medalhas. Porém, como essa foi uma olimpíada disputada em outro país, com pessoas do mundo inteiro, com certeza tem um sabor especial. Foi fantástico”, afirma.
Único representante de Belo Horizonte na competição, Raí era um dos 20 estudantes brasileiros que participaram do Singapore International Math Olympic Challenge (Simoc) 2024, disputado em julho. No evento, que contou com quatro mil estudantes, de 35 países, o mineiro conquistou a medalha de ouro na “Math Warriors” (competição de jogos matemáticos que exigem rapidez e precisão de raciocínio); e a de bronze na “Math Olympic” (prova de conhecimento).
Raí conseguiu se classificar para a Simoc ao obter a medalha de prata na “Singapore & Asian Scholz Math Olympiad (Sasmo)”, também disputada no país asiático.
Mas não é de hoje que Raí se destaca nas competições de matemática: ele já possui medalhas na Olimpíada Brasileira de Informática; Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica; Olimpíada Brasileira de Linguística; Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras; Olimpíada Brasileira de Informática; Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, Canguru Matemático; e menção honrosa na fase final da Olimpíada de Matemática da Unicamp e Olimpíada Brasileira de Robótica, entre outros resultados expressivos.
Todas essas Olimpíadas significaram para o jovem uma forma de se desafiar na matemática, já que o conteúdo aprendido na escola não o estimulava o suficiente. “Quando eu descobri o mundo das Olimpíadas fiquei fascinado. Porque era algo na área da matemática, que eu gostava e tinha facilidade, mas, ao mesmo tempo, também era capaz de me desafiar, de propor novos raciocínios, novas maneiras de ver a disciplina”, explica Raí.
Desafios
Mesmo sendo destaque em Minas Gerais como um dos grandes vencedores de medalhas olímpicas de matemática, Raí não recebeu nenhum patrocínio ou incentivo de organizações para custear a viagem. Todos os gastos dele e do pai, José Luiz Naves, que o acompanhou na viagem para Singapura, foram pagos pela família. A viagem era cara, e para ajudar nos custos, os familiares realizaram uma rifa de uma camisa do Atlético-MG autografada. “Por meio dessa rifa conseguimos arrecadar o dinheiro necessário para arcar com os cursos da viagem. Quando cheguei em Singapura, conversando com outros brasileiros, descobri que outros também haviam feito uma rifa para conseguir pagar a viagem”, comenta.
Para ele, a falta de patrocínio para custear jovens que podem ser talentos promissores em Olimpíadas é um cenário triste. “Muitas vezes, as pessoas que teriam potencial para se destacar nem chegam a conhecer esse mundo das Olimpíadas. Falta difundir as oportunidades. Eu sei que muitas pessoas poderiam chegar onde cheguei se recebessem oportunidade. É muito triste saber que o Brasil perde talentos pela falta de apoio”, lamenta.
Futuro
Muitas pessoas presumem que Raí, quando completar o Ensino Médio, escolherá uma profissão na área de exatas. Mas ele não tem tanta certeza disso. “Ainda não tenho uma noção muito clara daquilo que desejo fazer quando me formar. Tenho facilidade nas matérias do colégio, algumas que aprecio bastante não têm muita relação com matemática, como história e geografia política. Apesar dessa facilidade imensa com exatas, outras áreas também despertam meu interesse”, esclarece o jovem.