Jovem preso por participar de ‘rolezinho’ explica o porquê da prática: 'É pela zoeira’

A Polícia Militar de Minas Gerais registrou mais de 100 ocorrências de “rolezinhos” em todo o estado, na madrugada de Natal

“Rolezinhos” tiraram a paz de moradores de várias cidades de Minas no Natal

A Polícia Militar de Minas Gerais registrou quase 100 ocorrências de “rolezinhos” em todo o estado, na madrugada desta segunda-feira (25), feriado de Natal. A prática consiste em uma reunião de motociclistas para fazer manobras em vias públicas - normalmente, elas acontecem locais não apropriados, o que pode colocar a vida de pessoas em risco, inclusive a dos próprios participantes.

Na Vila Ventosa, região Oeste de Belo Horizonte, a PM apreendeu cinco motocicletas e prendeu um homem suspeito de participar do “rolezinho”, na madrugada desta segunda. O jovem, de 23 anos, foi preso por direção perigosa por estar sem capacete e ser inabilitado. O suspeito explicou à Itatiaia qual a motivação da prática.

“Era só pra ‘barulhar’ a favela, fazer bagunça. Nóis pinta o cabelo de branco, corta o escapamento da moto e zoa a favela. Só isso. [O ‘rolezinho’] incomoda. Do outro lado da favela, você escuta. [A gente faz isso pela] zoeira. Nóis quer zoar. Chega final de ano, é mais um ano de vida. Tá errado, tá? Mas nós nem pensa nisso (sic)”, disse.

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Apesar de ser tratado como uma diversão para os jovens, o barulho causa transtornos para os moradores das regiões onde os eventos acontecem. Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, um morador do bairro Eldorado contou como o “rolezinho” incomodou a vizinhança.

“Ninguém aguenta um negócio desse na cabeça, a gente doido para dormir. Não sei nem quantas unidades de moto [são]. É muita gente, é uma gangue, é uma máfia. Não tem polícia, não tem um vereador, um político. Cadê a lei do silêncio”, desabafou.

Polícia investiga o movimento

A Polícia Militar registrou eventos de “rolezinhos” em Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ibirité, Governador Valadares, Araxá, Montes Claros, Juiz de Fora e Matias Barbosa. A major Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais (PM), reconheceu que o número de ocorrência foi anormal e pode passar de 100.

A major classifica os participantes do movimento chamado de “rolezinho do grau” como criminosos e promete ações preventivas e reforço na fiscalização no Réveillon. A porta-voz destacou ainda que a inteligência da PM está fazendo um mapeamento dos fatos registrados nesta madrugada de Natal.

“A gente precisa tratá-los como eles são, porque são criminosos e infratores que não se preocupam com cidadão de bem, e isso a gente pode ver nas próprias entrevistas que foram mostradas. Então, essa orquestração, provavelmente via rede sociais, via grupos de WhatsApp, já sendo monitorada tanto pelo nosso serviço de inteligência quanto pela polícia judiciária”, disse a major.

*Com informações de Rômulo Ávila

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.

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