‘Parece que a culpa é minha’, diz empresária que denunciou assédio de personal em Contagem

Mulher afirma que foi agredida, assediada e humilhada por profissional em academia da Grande BH: ‘não sei explicar o trauma’

Mulher afirma ter sido assediada e agredida pelo personal trainer

A mulher de 30 anos que denunciou um personal trainer suspeito de assediá-la e agredi-la afirma que se sente “triste e com vergonha” após ser vítima da violência do profissional, que orientava ela em uma academia no bairro Petrolândia, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A empresária, que prefere não ser identificada, contou à reportagem da Itatiaia que o personal trainer a tratou de forma “diferenciada” desde o início, mas que começou a se sentir incomodada no mês de julho, quando ele teria batido duas vezes nas nádegas dela.

Ela conta que chegou para treinar na academia sexta-feira (4), dia em que foi agredida, decidida a dispensar o personal. Ele a teria mandado fazer exercícios muito intensos, o que não seria recomendado, já que tem fibromialgia e lúpus. Ela afirma que o homem segurou com força seu rosto e braços dela, mesmo após ela pedir para ele parar.

Na sequência, ele mandou a empresária fazer um abdominal “prancha”. A mulher teria afirmado que não conseguia fazer o exercício. Neste momento, o homem teria chamado a empresária de “animal” e “inútil” várias vezes, dando um soco em suas costas. A mulher conta que, imediatamente, decidiu ir embora e acionar a Polícia Militar.

“Ele veio correndo atrás de mim na escada, uma funcionária da academia até veio e pediu para ele parar de fazer aquilo. Quando ele viu que eu estava chamando a PM de verdade, ele fugiu. Depois mandou vários áudios para mim, dizendo que fazia aquilo para o meu bem e pedindo desculpas.”

“Vergonha”

A empresária afirma que recebeu suporte dos policiais. Mesmo assim, ela não consegue deixar de lado a sensação de “vergonha” por ter denunciado o caso. Mesmo sendo a vítima, a mulher conta que se sente “culpada” por ter sido assediada.

“Se eu me calei até hoje, é porque eu estava com tristeza e vergonha, coisa que não tem que ser minha. A policial me explicou que eu não preciso sentir isso, mas parece que a culpa está em mim, eu me sinto culpada de falar com a imprensa. Essa dor tem que ser dele e não minha.”

Segundo a empresária, o personal trainer continuou atendendo normalmente na sexta-feira (4) na mesma academia onde a teria agredido e assediado. A família da mulher não quer que ela saia de casa sem companhia e ela confessa que não tem vontade nem de socializar.

“Eu não tive vontade nenhuma de mexer nas redes sociais. Eu fui humilhada, fui ferida. Quero que ele reflita. Estou tendo que me expor. O trauma que eu estou sentindo, eu não sei explicar.”

A mulher registrou a ocorrência e deve ser contatada pelas autoridades nesta semana. A expectativa é de que a polícia analise as imagens das câmeras de segurança.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.

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