Suedna Barbosa Carneiro, de 41 anos, mais conhecida como “Mainha do Crime”, pagava de R$ 250 a R$ 2.200 por cada iPhone roubado pelos integrantes de uma quadrilha que atuava, principalmente, na Zona Sul de São Paulo, revela o inquérito policial obtido pela Folha de S. Paulo.
A “Mainha do Crime” é apontada pela Polícia Civil como a líder do grupo criminoso. Ela agenciava os assaltantes, fornecendo a estrutura necessária para o cometimento dos roubos, e comprava os celulares após o crime. Segundo a investigação, a mulher alugava as motos, capacetes, placas falsas, armas e mochilas de entregador para os criminosos.
Os integrantes da quadrilha de Suedna foram responsáveis por uma série de crimes na capital paulista, incluindo o latrocínio do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior, de 32 anos, e do ciclista mineiro Victor Medrado, de 46.
De acordo com a investigação, “Mainha do Crime” tinha uma tabela de preços para cada tipo de aparelho roubado. Os preços variavam conforme o modelo, sendo mais caros os iPhones que permitem a troca de chip - ou “com gaveta”, em referência ao espaço para colocar o chip. A lista com o valor de cada celular foi encontrada pela polícia no telefone de Suedna.
O mais barato era o iPhone 11, que não permite a troca de chip. A criminosa pagava apenas R$ 250 pelo aparelho. O mais caro que Suedna pagava era R$ 2.200 pelo iPhone 15 Pro Max, que contém espaço para chip.
‘Mainha do Crime’ teria ligação com morte de ciclista mineiro
Nesta quarta-feira (19), a Polícia Civil de São Paulo apresentou o resultado das investigações da morte de Victor Medrado, ciclista mineiro que foi morto por dois assaltantes em uma motocicleta em fevereiro deste ano.
De acordo com a corporação, os suspeitos só foram identificados após a prisão de Suedna. Isso porque os dois - Jeferson de Souza Jesus, de 28 anos, e Erick Benedito Veríssimo, de 20 - fariam parte da quadrilha chefiada por ela.
Defesa nega relação entre Suedna e mortes de delegado e ciclista
Suedna Barbosa Carneiro foi presa no dia 18 de fevereiro em sua casa em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, comunidade onde a quadrilha também estaria baseada. Com a mulher, foram apreendidos três armas de fogo, 18 celulares, motocicletas e mochilas de entregador.
Apesar de ser apontada pela PC como a chefe da quadrilha que assaltou e matou o delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior e o ciclista Victor Medrado, a defesa de “Mainha do Crime” nega a relação entre a mulher e os crimes citados.
“A defesa técnica de Suedna Barbosa esclarece que sua prisão não possui qualquer vínculo com as mortes do Delegado Josenildo Belarmino e do ciclista Vitor Medrado. As investigações relativas aos mencionados crimes ainda não foram conclusivas quanto a participação de Suedna e seguem em segredo de justiça”, disse a advogada Sandrine Amorim Paz, em nota à Itatiaia.
Paz ainda afirma que Suedna foi presa por suspeita de praticar crimes de receptação e porte ilegal de arma, atos sem ligação com as mortes do policial e do atleta.
“As armas apreendidas em sua residência não possuem qualquer conexão com os crimes ora investigados, todas foram enviadas para perícia e estamos aguardando o retorno do laudo para que fique devidamente comprovado sua inocência”, acrescentou a advogada.
Segundo a advogada, “Mainha do Crime” não confessou a autoria dos crimes ou reconheceu como seus os itens apreendidos. A defesa informa que Suedna se manteve em silêncio durante os interrogatórios e que ainda não foi ouvida nas demais investigações.