Zeli dos Anjos, sogra de Deise Moura dos Anjos, acusada de envenenar farinha de bolo que provocou três mortes no Rio Grande do Sul, não queria preparar o alimento, mas o fez porque se lembrava do marido, morto três meses antes. A declaração foi dada em depoimento à Polícia Civil.
A mulher contou aos policiais tudo o que aconteceu antes e depois de ter feito o bolo. Ela decidiu fazê-lo no dia 23 de dezembro. “Primeiramente, não queria fazer [o bolo], mas acabou fazendo porque recordava de Paulo [marido dela]”, constava no depoimento.
Zeli contou que acordou no dia 23 e foi ao mercado comprar ingredientes que faltavam, como açúcar mascavo, margarina, leite condensado, ovos e uvas passas brancas. Dos que tinha em casa, ela usou a farinha (que causou o envenenamento) que estava debaixo da pia, uvas passas pretas e frutas cristalizadas. Ela esqueceu de colocar fermento no bolo.
A mulher não experimentou a massa do bolo, nem sentiu um cheiro diferente. Ela, no entanto, achou a farinha estranha. Zeli peneirou a farinha, mas achou que o aspecto diferente era devido à baixa qualidade do ingrediente, vindo de uma doação.
Zeli preparou o bolo em casa, em Arroio do Sal, e foi para a casa de Maida Berenice Flores da Silva, sua irmã, em Torres. O bolo foi consumido, segundo ela, por volta de 16h ou 17h. Tatiana Denize Silva dos Anjos, sobrinha dela, foi quem comeu a primeira fatia.
Tatiana reclamou do bolo para Zeli, sua madrinha. “Dinda, não foi você que fez esse bolo? Está com um gosto estranho”, questionou. A mulher percebeu o gosto estranho e pediu para que ninguém comesse o bolo. Apesar disso, Neuza Denize Silva dos Anjos pegou uma fatia e comeu.
Maida, a dona da casa, foi a primeira a apresentar sintomas, seguida de Mateus, sobrinho-neto. Zeli começou a ter náuseas e vômitos também, além de uma diarreia incontrolável. Ela não se lembra do que ocorreu depois, porque foi levada ao hospital.
Neuza, de 65 anos, Tatiana, de 47, e Maida, de 59, morreram; Zeli e Mateus foram internados e tiveram alta; e Jefferson, marido de Neuza, foi o único que não precisou ser hospitalizado.
Suspeita tinha sogra como alvo
Deise Moura dos Anjos está presa e é a principal suspeita de cometer o crime. Ela tinha como foco envenenar a sogra, Zeli dos Anjos, com quem não tinha uma boa relação.
Além do bolo envenenado, Deise teria colocado arsênio em um leite em pó responsável pela morte do sogro dela, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro. Ela também é suspeita de ter causado a morte do pai, José Lori da Silveira Moura, em 2020. Deise teria envenenado o pai com pequenas doses de arsênio ao longo do tempo.
Amostras de arsênio também foram encontradas no organismo do marido e do filho dela. Ela comprou a substância pela internet quatro vezes em quatro meses.
*Com informações da CNN