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Juíza discorda de pedido do MP para arquivar investigação contra Gusttavo Lima: ‘indício de envolvimento’

Magistrada afirma que existem ‘claros indícios de práticas ilegais’ realizadas pelos artista; o fato do cantor ter 25% da VaideBet também agrava sua situação perante à Justiça, segundo a juíza

A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, em Pernambuco, indeferiu o pedido de arquivamento parcial da investigação que tem como alvo o cantor sertanejo Gusttavo Lima e parte dos alvos da Operação Integration, que apura crimes de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais.

Nesta quarta-feira (4), a magistrada determinou que o caso seja encaminhado ao Procurador-Geral de Pernambuco. A juíza afirmou que não concorda com o pedido do Ministério Público do estado em arquivar a investigação contra Nivaldo Batista Lima (nome de batismo do cantor Gusttavo Lima), além dos empresários André da Rocha Neto, Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana Rocha. Os cinco são investigados por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entendeu que não há provas de que os valores das operações suspeitas sejam de origem ilegal. O MPPE também afirma que não há uma correlação entre as movimentações financeiras apuradas e o investigado Darwin Henrique da Silva Filho, proprietário do site Esportes da Sorte e apontado como um possível contraventor do jogo do bicho.

“Essa conclusão não encontra respaldo nos elementos probatórios constantes dos autos, que indicam a existência de movimentações financeiras suspeitas, envolvendo grandes valores e transações realizadas de forma obscura, caracterizando um claro indício de lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos. Portanto, não há base legal ou fática suficiente para justificar o arquivamento da investigação”, argumenta.
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‘Manifestação breve e carente de argumentos’, diz juíza sobre pedido de arquivamento do caso

Na decisão judicial, Cruz discorda dos argumentos do Ministério Público e afirma que as relação entre Darwin e Gusttavo Lima é suspeita e requer uma investigação aprofundada. A juíza ainda alega que assim que o cantor e o empresário Bóris Maciel Padilha foram incluídos entre os alvos indiciados, o MP mudou de postura em relação ao caso.

“O Ministério Público de Pernambuco, em manifestação breve e carente de argumentos, OPINOU ‘pela substituição das prisões, aplicando-se a todos os investigados medidas cautelares’. Além do mais, aduziu (alegou) a incompetência deste Juízo criminal para apreciar a imputação (analisar possíveis condutas ilícitas) de Thiago Lima Rocha, Rayssa Ferreira Santana Rocha e Nivaldo Batista Lima (o Gusttavo Lima)”, escreveu.

‘Relação de Gusttavo Lima com investigados é indicativo claro de práticas ilícitas’

A magistrada ainda criticou as argumentações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco. Cruz chamou as alegações do órgão de “desprovidas de análises” e ressaltou que as relações de Gusttavo Lima com os demais investigados indicam uma possível prática criminal.

“As alegações do GAECO são desprovidas de análise cuidadosa das evidências que apontam para a continuidade da apuração dos fatos. A operação de lavagem de dinheiro revela a atuação de um esquema criminoso complexo, envolvendo múltiplos investigados e transações financeiras vultuosas. Ademais, a relação de Nivaldo Batista Lima (Gusttavo Lima) com os indiciados José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, incluindo movimentações financeiras duvidosas, é um indicativo claro de possível envolvimento em práticas ilícitas. O fato de Nivaldo Lima Batista adquirir 25% da empresa VaideBet, conhecida pela ligação com casas de apostas ilegais, agrava ainda mais sua situação”, disse.

Cruz ainda defende que o caso não seja arquivado. “A complexidade das transações, as coincidências de datas, os valores envolvidos e as conexões entre as partes envolvidas deve continuar. A falta de um exame mais detalhado e minucioso (...) pode permitir que práticas ilícitas de significativa gravidade não sejam plenamente abordadas pela Justiça”, acrescenta.

O que diz a defesa de Gusttavo Lima

Em nota à Itatiaia, a defesa de Gusttavo Lima afirmou que ainda não houve uma decisão final sobre acatar ou não o pedido de arquivamento, e que está confiante de que a inocência do cantor será comprovada. Sobre a empresa VaideBet, a defesa afirma que Gusttavo Lima não é sócio da empresa e não faz parte do quadro societário

Veja a nota completa abaixo:

“A assessoria jurídica do cantor esclarece que, conforme a decisão judicial mais recente, o pedido de arquivamento ainda não foi apreciado de forma definitiva. A juíza Andréa Calado da Cruz devolveu o processo ao Ministério Público e, até o momento, não houve uma decisão final.

A defesa destaca que o processo continua em andamento e permanece confiante de que a inocência do artista será devidamente comprovada.

Além disso, em relação à questão da VaideBet: Gusttavo Lima Gusttavo não foi indiciado pela PF e não é sócio da empresa. O contrato social comprova isso. Ele não faz parte do quadro societário.

Além do contrato de uso de imagem para fins publicitários, o cantor assinou um contrato que lhe daria 25% de eventual venda da marca para outra companhia. Esse contrato se justifica pelo fato de a imagem do cantor ter alavancado muito o valor da marca. O contrato de cessão envolve tão somente a marca VaideBet, e não a empresa globalmente considerada”.

Gustavo Lima teve pedido de prisão expedido em setembro; relembre

Em 23 de setembro deste ano, a Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva do cantor Gusttavo Lima. Ele é investigado por lavagem de dinheiro pela Operação Integration, a mesma que prendeu a influenciadora Deolane Bezerra por ligação com empresas de jogos ilegais.

Entre os indícios que ligavam o sertanejo a outros alvos da investigação está uma viagem para a Grécia também em setembro. A Polícia Civil de Pernambuco apontou que o artista teria ajudado André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha a fugirem do país. Eles tiveram o pedido de prisão decretado no dia 4 de setembro, quando a operação foi deflagrada.

No entanto, um dia após ter a prisão decretada, a Justiça de Pernambuco revogou o pedido de prisão de Gusttavo Lima. Desde então, o sertanejo respondia em liberdade ao processo. No dia 26 de novembro, o Ministério Público de Pernambuco pediu o arquivamento das investigações contra o cantor.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
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