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DJ acusado de tentar ‘arrancar o útero’ da ex-namorada começa a ser julgado em BH

Kássio Fernando dos Santos Ragazzi, de 36 anos, permaneceu calado durante a audiência de instrução do caso; a vítima de 22 anos revelou detalhes do dia do crime

A audiência de instrução do DJ Kássio Fernando dos Santos Ragazzi, de 36 anos, acusado de estuprar e tentar ‘arrancar o útero’ da ex-namorada em julho deste ano, aconteceu nesta segunda-feira (2), no Fórum Lafayette, no Centro de Belo Horizonte.

Ele responde por tentativa de homicídio qualificado, com os agravantes de motivo torpe, utilizando de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima, em contexto de violência doméstica e familiar contra mulher.

A vítima, uma jovem de 22 anos, foi a primeira a ser ouvida. A mulher contou que convivia com o suspeito desde a infância na casa dos pais dela e que, quando adultos, os dois namoraram por dois anos. Ela disse que o pai dela chamava Kássio de filho.

Em setembro de 2023, o DJ voltou a se relacionar com a mãe do filho dele. No entanto, o casal terminou e tempos depois a vítima reatou com o réu. A jovem contou também que ela chegou a aceitar que Kássio namorasse com as duas ao mesmo tempo.

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A vítima relembrou que terminou mais uma vez com o réu e que ele ligava e mandava mensagens para ela, dizendo que não estava mais com a mãe do filho dele. No dia anterior ao crime, Kássio invadiu a casa da jovem pela primeira vez.

No dia seguinte, ele entrou novamente na casa da ex-namorada durante à noite e a atacou. A jovem contou que o DJ a jogou no chão, bateu a cabeça dela na parede, deu socos e mordeu sua cabeça. Kássio também tampou a boca da mulher para que ela não gritasse e colocou a mão nas partes íntimas dela.

Logo depois das agressões, sangrando, a jovem disse que ligou para a mãe e para a polícia e foi para o hospital de carro de aplicativo. A vítima reforçou que ficou um mês sem andar direito e que teve que fazer uma cirurgia de reconstrução do canal vaginal.

A ex-namorada do réu afirmou que ele não tinha a chave da casa dela e que não sabe como Kássio entrou na residência. Durante as agressões, ele dizia que “se a jovem não ficasse com ele, ela não ficaria com mais ninguém”. A vítima ainda revelou que está fazendo um tratamento psicológico atualmente.

Kássio Fernando dos Santos Ragazzi ficou em silêncio durante a audiência, seguindo orientações do Defensor Público. O juiz Bruno Sena Carmona, sumariante do 1º Tribunal do Júri, ouviu outras duas testemunhas do caso e abriu o prazo para as alegações finais. Ainda não há uma data definida para que a sentença seja proferida.

O crime

O criminoso invadiu a casa da ex-namorada enquanto ela dormia e insistiu para que fizessem sexo. Após receber uma negativa, o suspeito teria ficado furioso, dado vários socos e mordidas na cabeça dela, puxado seu cabelo e arremessado a jovem contra a parede.

A vítima começou a falar com o criminoso que chamaria a polícia e pediria medidas protetivas contra ele. Ao ouvir isso, o autor disse: ‘faz gracinha pra você ver’. Na sequência, ele deu uma rasteira na jovem, a segurou e estuprou a jovem.

A vítima relatou à PM que o suspeito queria “arrancar o útero dela”. A mulher precisou ser internada no Hospital Risoleta Neves.

Após a denúncia, a Polícia Militar realizou buscas e localizou o autor, que passou a ser monitorado. Ele foi seguido durante mais de 13 quilômetros por militares à paisana, desde o Morro do Papagaio até a região do Minas Shopping, onde foi abordado.

Segundo a PM, o DJ demonstrou agressividade e disse que não aceitaria ser preso, mas acabou sendo algemado e detido. Com ele, foram encontradas três facas adaptadas como punhais.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
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