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Justiça suspende reintegração de posse em terra indígena após ataque de ruralistas deixar 10 feridos

Dois indígenas estão em estado grave: um foi atingido por um tiro na cabeça, e outro no pescoço; Força Nacional está com todo o efetivo na região para ajudar a controlar conflitos

O Tribunal Regional Federal da 3a Região (TRF-3) suspendeu, na segunda-feira (5), uma ordem de reintegração de posse de um território ocupado por indígenas dos povos Guarani e Kaiowá, em Douradina, no Mato Grosso do Sul.

A decisão aconteceu após a Procuradoria Especializada da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) entrar com um recurso na Justiça. Segundo a Funai, a reintegração beneficiava as proprietárias de uma fazenda que está sob sobreposta a terra indígena.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário Nacional (Cimi), comunidade havia sido comunicada, na sexta-feira (2), que o despejo aconteceria nos próximos dias. No sábado (3), os indígenas tentaram retomar de Pikyxyin, uma das sete áreas da Terra Indígena Lagoa Panambi, identificada e delimitada desde 2011.

Porém, o Cimi afirma que jagunços invadiram o território fortemente armados e atiraram contra os indígenas. Cerca de 10 pessoas ficaram feridas. Entre eles, dois estão em estado grave: um que levou um tiro na cabeça e outro atingido por um tiro no pescoço. “Além deles, mais seis feridos foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados”, afirmou o órgão.

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Todo efetivo da Força Nacional foi enviado ao local

Antes do ataque, um agente da Força Nacional de Segurança Pública teria avisado os indígenas que haveria um conflito, orientando-os a sair do local. “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”, teria dito o agente.

No entanto, ninguém da Força Nacional estava no local no momento do ataque. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) não confirmou a fala do agente e disse que a situação já está sob controle.

A pasta ainda afirma que a Força Nacional cessou o conflito assim que foi acionada e chegou ao local. Na região desde o Início de julho, a Força Nacional está com todo o efetivo no Mato Grosso do Sul, apoiando o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e o Ministério Público Federal (MPF), que estão intermediando os conflitos.

Levantamento aponta que 43 indígenas foram assassinados no estado em 2023

O relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil”, realizado pelo Cimi, relevou que 43 indígenas foram assassinados no Mato Grosso do Sul no ano passado. O estado é o segundo com o maior número de homicídios contra os povos originários brasileiros, ficando atrás apenas de Roraima, que registrou 47 assassinatos.

Em todo o Brasil, foram contabilizados 276 casos de invasões possessórias, como exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio, em pelo menos 202 territórios indígenas espalhados por 22 estados brasileiros.

*Com informações de CNN Brasil


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
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