Amazônia enfrenta período atípico de seca com água do mar 3°C mais quente; entenda

O El Niño, que altera as condições de temperatura da superfície do mar, provoca vários impactos no clima da América do Sul

O El Niño, que altera as condições de temperatura da superfície do mar, provoca vários impactos no clima da América do Sul

Nos últimos meses, o volume de chuva em toda a região amazônica ficou abaixo da média, de acordo com balanço divulgado nessa quinta-feira (5) pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A seca predominou, principalmente, no Centro-Norte da região nos meses de junho, julho e agosto.

Na estação meteorológica do Inmet, em Manaus, foram registrados 130,9 milímetros, sendo que a média é de 202,2. Da mesma forma, a estação meteorológica de Belém registrou 309,8 mm, valor abaixo da média trimestral, que é de 404,8 mm.

A explicação para essa seca atípica se deve ao padrão típico do El Niño que, desde junho deste ano, elevou a temperatura da superfície do mar em 3°C.

“Uma faixa de águas quentes em grande parte do Oceano Pacífico Equatorial, que, próximo à costa da América do Sul, são superiores a 3°C. Adicionalmente, o Oceano Atlântico Tropical Norte se apresenta com águas mais quentes do que o normal, ou seja, superiores aos valores da média histórica. Essa combinação de fenômenos provoca diversos impactos no clima da América do Sul”, detalha nota técnica do Inmet e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

As altas temperaturas da superfície do mar, para o mês de setembro nos anos de 2005, 2010, 2015 e 2023, provocaram os períodos de seca na Amazônia.

“Em 2015, foi observado um aquecimento em ambos os oceanos tropicais, ou seja, Pacífico Equatorial (El Niño) e Atlântico Tropical Norte. No entanto, em 2023, a situação atual do Atlântico Tropical Norte é mais intensa do que em 2015 e, no Pacífico, a intensidade é similar.”

Em Belém, o total de chuva em setembro de 2023 foi de 32,7 mm e representa apenas 27% da média para o mês, que é de 120,1 mm. Este é o segundo menor total de chuva do mês na capital paraense desde 1961, ficando atrás apenas de setembro de 1991, com 28,1 mm.

Já em Manaus, o mês de setembro com menor volume de chuva, desde 1961, ocorreu em 2014, com apenas 0,6 mm. Em 2023, o total de chuva foi de 44,1 mm, ou seja, cerca de 35,0 mm abaixo da média, que é de 79,0 mm.

Jornalista graduada em 2005 pelo Centro Universitário Newton Paiva, com experiência em rádio e televisão. Desde 2022 atua como repórter de cidades na Itatiaia.

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