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Serra da Mantiqueira alia renda e preservação ambiental com cultivo de pinhão

Produtores de Delfim Moreira apostam no plantio da araucária e no processamento do pinhão

Safra do pinhão no Sul de Minas inicia oficialmente em 1º de abril

Os municípios da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas, têm gerado renda e prevenção ambiental a partir da produção de pinhão. Delfim Moreira, um dos maiores produtores da semente da araucária no estado (safra estimada em 500 mil quilos este ano), trabalha em ações que estimulam o plantio de árvores e devem aumentar a renda dos produtores.

O município tem cerca de mil hectares de araucárias produtivas. “Temos uma produção expressiva, 60 kg por árvore e renda total anual de R$ 3,5 milhões. Esse manejo mantém o ecossistema natural e traz renda para os produtores”, salienta a secretária municipal de Agricultura, Joelma Pádua.

Segundo ela, há várias ações em desenvolvimento para o fortalecimento da atividade no município. “Temos uma parceria com a Embrapa Florestas e Avon para construir uma unidade processadora de pinhão, que vai permitir aos produtores ter novos produtos e oferecer a semente o ano todo, obtendo melhores preços. Na próxima safra, a unidade já deve estar em funcionamento”, conta Joelma.

Plantio de árvores

Outra iniciativa importante é o viveiro municipal, como explica o extensionista da Emater-MG, Túlio César Meireles. “O viveiro produz mudas de araucária enxertada, que são doadas para os produtores locais. Já temos mais de 400 araucárias plantadas com essas mudas”. A empresa ainda presta assistência técnica aos produtores da Associação Araucária, estimulando o plantio das árvores.

“O pinhão é uma fonte importante de renda, o que ajuda na preservação das araucárias. A prefeitura, em parceria com a Emater-MG, tem nos incentivado a plantar mais árvores. Também fazemos o Festival Gastronômico do Pinhão e, com a unidade processadora, a associação teremos vários produtos”, diz a produtora Mariana Sousa, da Associação Araucária.

Atualmente, ocorrem ainda ações de conscientização ambiental nas escolas e, em outubro, haverá um seminário sobre araucárias no município.

Baixa produção

A safra do pinhão no Sul de Minas inicia oficialmente em 1º de abril, mas esse ano, a temporada do pinhão, que vai até julho, encerrou em maio, devido à baixa produção. “Tivemos uma quebra de 50% de safra por questões climáticas. Os fortes temporais do começo do ano atrapalharam a polinização, além do calor estar mais intenso”, explica o extensionista da Emater-MG.

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Com pouca oferta, o valor do quilo do pinhão teve uma forte alta, compensando as perdas de receita. “Por ser um produto da biodiversidade, o pinhão tem garantia de preços mínimos pela Conab.Temos 175 produtores/extrativistas, que pegam a subvenção, mas esse ano, os preços do pinhão saltaram de R$3 para R$6 o quilo e nem foi necessário o serviço”, diz Túlio.

No total, cerca de dois mil produtores realizam a atividade de colheita do pinhão todos os anos no estado. Além de Delfim Moreira (2ª posição), os maiores produtores de pinhão de Minas (dado do Safra Agrícola da Emater-MG para 2024) são:

  • Itamonte (1º lugar/1,2 tonelada);
  • Alagoa (3º lugar/700 mil kg);
  • Baependi (4º lugar/480 mil kg);
  • Marmelópolis (5º lugar/475 mil quilos).
*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.