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Primeiro Selo Artesanal de Chocolate é emitido no Pará para empreendimento familiar

O selo fortalece negócios produtivos sustentáveis da agricultura familiar e cacauicultura paraense

O chocolate Cacau Xingu, de Brasil Novo (PA), foi o primeiro a obter o registro artesanal concedido pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará). A fábrica de chocolate contou com apoio do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) no âmbito do projeto Sustenta e Inova, que apoiou, principalmente, na escalabilidade da produção do produto.

O empreendimento produz chocolates em um sistema agroecológico e sustentável e chega atualmente a mais de dez variedades, incluindo barras 100% cacau, geleias de cacau e nibs. Seguindo o conceito “da árvore à barra”, o processo de produção é totalmente artesanal e utiliza ingredientes selecionados, desde o cultivo do cacau até a finalização do produto.

Para a produtora Jiovana Lunelli, dona da marca “Chocolate Cacau Xingu”, essa conquista é um marco para a empresa. “A certificação é importante porque dá segurança para quem produz e também para quem consome. Então, a gente leva um produto de qualidade até as pessoas, que passou por um processo de certificação por parte da Adepará”, explica.

Essa é a primeira certificação de chocolate desde a criação da Portaria que estabeleceu os procedimentos para a produção artesanal de chocolates e seus subprodutos com vistas à comercialização. A norma detalha as exigências para preservar a qualidade do chocolate produzido no Pará e as especificações de produção, acondicionamento e rotulagem, além da qualidade da matéria-prima (amêndoa de cacau) e do local onde vai ser produzido, assegurando que o produto foi elaborado obedecendo às normas de segurança alimentar, sem risco à saúde pública.

Apoio do IPAM

Para garantir que a produção pudesse ser viável e seguisse os critérios de produção artesanal de qualidade, foram fornecidas máquinas, assistência técnica na organização dos documentos para a certificação da produção e apoio para a participação em feiras regionais, nacionais e internacionais.

Também foram realizados investimentos na marca do Cacau Xingu, que ganhou novas embalagens e identidade visual própria, desenvolvidas por meio de consultorias do Sebrae. A mudança busca acompanhar a nova grandeza na infraestrutura da produção.

“A regularização familiar das agroindústrias artesanais é uma das maiores políticas inclusivas do Estado do Pará porque dá visibilidade à produção dos agricultores familiares e dos pequenos agricultores. Os estabelecimentos que têm o selo da Adepará passaram por todos os procedimentos higiênicos e sanitários e também garantem a origem de sua matéria prima, aplicando as boas práticas agrícolas no campo. Esse selo agrega valor, abre mercado e é uma nova oportunidade de emprego e geração de renda para agricultura familiar do nosso Estado”, Lucionila Pimentel, Diretora da Adepará.

Segurança para a produção

“Esse selo é motivo de muita satisfação e alegria. Recebemos assessoria, mentorias e equipamentos que são fundamentais para pequenos produtores que precisam dessa ajuda para começar”, relata Lunelli.

Como parte dos espaços alcançados na nova fase de seu empreendimento, Jiovana pode participar do Fórum Mundial do Cacau, organizado pela World Cocoa Foundation, em São Paulo.

“Participar do fórum e ouvir depoimentos tão importantes nos mostra que estamos no caminho certo. Pude apresentar o sistema agroflorestal que usamos e pelo qual sou apaixonada e fiquei muito feliz de ouvir de tanta gente não só do Brasil, mas de todos os cantos do mundo, sobre a importância do cacau. Acho que esse é um momento importantíssimo para toda a cadeia do cacau”, completa Jiovana.

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Projeto Sustenta e Inova

O projeto Sustenta e Inova, financiado pela União Europeia e coordenado pelo Sebrae em parceria com o IPAM, busca desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras que promovam o desenvolvimento de cadeias de calor na Amazônia.

Na região Transamazônica, o projeto se dedica à regularização ambiental, intensificação dos sistemas produtivos, valorização e fortalecimento da produção familiar com o objetivo de subsidiar formulação de programas e políticas.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.
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