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Italianos vão conhecer o primeiro café regenerativo do mundo. E ele é mineiro, uai!

Lançado pela illycafé, o Arábica Selection Brasile é fruto da agricultura regenerativa que preconiza a boa gestão do solo e o uso controlado de insumos

O primeiro café regenerativo do mundo, o Arábica Selection Brasile Cerrado Mineiro, vai ser apresentado em Milão, na Itália, amanhã (1º), em comemoração ao Dia Internacional do Café. O produto, fruto das melhores práticas de gestão do solo, com uso controlado de fertilizantes naturais, foi lançado no mercado brasileiro no fim de 2023 pela empresa italiana illycaffè.

Para participarem do lançamento internacional, um grupo de cafeicultores do Cerrado viajou para a Europa. Eles vão participar de uma roadshow (exposição itinerante) com o objetivo de promover a internacionalização do café, a qualidade e a autenticidade da Indicação Geográfica, na modalidade Denominação de Origem conquistada pela Região do Cerrado Mineiro. Eles também vão falar sobre o modelo de trabalho sustentável praticado nas propriedades locais. Além de Milão, a equipe vai passar por Florença e Roma.

Destaque para origem e rastreabilidade

A viagem foi organizada pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado e integra as ações da campanha “A Verdade é Rastreável”, que busca destacar a origem e a rastreabilidade do café produzido na região e aproximar os cafeicultores de torrefações, importadores e consumidores das cidades de Milão, Florença e Roma.

Mas, afinal o que é um café regenerativo?

Na verdade, não é o café que é regenerativo e sim a forma de produzi-lo. O engenheiro agrônomo e analista técnico de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Alexandre de Matos Martins, explica que a chamada ‘agricultura regenerativa’ não é uma corrente de pensamento nova. Ela surgiu na década de 80 com a intenção de aprimorar os princípios da agricultura orgânica que começou a ser difundida 40 anos antes.

O termo foi criado pelo americano Robert Rodale, fundador do Rodale Institute, que estudou os processos de regeneração nos sistemas agrícolas ao longo do tempo.

“Podemos dizer que a agricultura regenerativa tem suas bases na agricultura orgânica, com prioridade para as práticas de saúde do solo, a chamada gestão da terra. A ideia é repor o que foi explorado e reconstruir o que foi danificado por meio de práticas de sustentabilidade”, esclarece.

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Produtores foram assistidos pelo Educampo

O café regenerativo illy Arabica Selection Brasile Cerrado Mineiro é resultado do trabalho de produtores capacitados pelo Sebrae Minas, por meio do Educampo, plataforma que oferece assistência gerencial e tecnológica intensiva, para grupos de produtores da região.

O que significa para o consumidor?

“Significa que ele estará consumindo um café com maior garantia de sustentabilidade e boas práticas agrícolas, provenientes de uma produção que é neutra em carbono e que contribui para diminuição dos impactos climáticos. Com isso, este consumidor contribui diretamente para uma cafeicultura mais sustentável”, disse Juliano Tarabal, superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

A busca pela Certificação em Agricultura Regenerativa contou com a participação de 12 fazendas atendidas pelo Educampo/Expocacer, em uma parceria entre o Sebrae, Expocacer e Região do Cerrado Mineiro. “A jornada rumo à sustentabilidade começa na raiz, e este café exemplifica nossa contribuição na busca de uma solução para os efeitos das mudanças climáticas, por meio de práticas agrícolas inovadoras. Mostramos que é possível fazer um café sustentável e de alto padrão de qualidade em todos os aspectos”, destaca o gerente do Sebrae Minas na regional Noroeste e Alto Paranaíba, Marcos Alves.

A missão conta com o apoio das cooperativas do sistema Carmocer, Carpec, Coocacer Araguari, Coopadap, Expocacer e MonteCCer, além de sete associações: ACA, Acarpa, Amoca, Appcer, Assocafé, Assogotardo e GRE Café – Região de Araxá, e será representada pelo presidente da Federação dos Cafeicultores, Gláucio de Castro, o diretor executivo, Juliano Tarabal, e o coordenador da DO, Tiago Furlaneto.

Turnê passará por três cidades

Ao longo da turnê na Itália, serão realizados encontros com parceiros estratégicos do país. Em Milão, a programação será na Cafeteria Cafezal, uma rede, com três lojas, posicionada no segmento de alta qualidade, que tem como proprietário o brasileiro Carlos Eduardo Bitencourt. O intuito é educar consumidores a identificarem o autêntico café do Cerrado. A missão também tem o objetivo de estabelecer negócios B2B (sigla em inglês para ‘Business to Business’), ou seja, vendas entre empresas com foco em torrefações e importadores.

Em Florença, o encontro será na Ditta Artigianale, rede de cafeteria e escola de baristas, sob o comando de Francesco Sanapo, tricampeão italiano de barismo e um dos principais nomes no mercado de consumo de café na Itália.

Já em Roma, será realizado um evento na Embaixada Brasileira, com apoio institucional do governo do Brasil. A programação envolverá uma apresentação da diretora executiva da Organização Internacional do Café, e uma palestra de um representante da illycaffè.

“Estamos entusiasmados em nos conectar ainda mais com o mercado italiano de café. A colaboração com torrefadores italianos é crucial para agregar valor, e reforçar nosso compromisso com a origem e a sustentabilidade. Esta iniciativa é de grande importância para o reconhecimento da nossa região”, avalia o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gláucio de Castro.

Cerrado Mineiro conta com 4, 5 mil cafeicultores

A história da produção cafeeira no cerrado mineiro começou na década de 1970, com a chegada de cafeicultores de outras regiões do país. Hoje, o território conta com 4,5 mil cafeicultores distribuídos por 55 municípios das regiões do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste Mineiro.

A área de produção ocupa 255 mil hectares, sendo responsável por 12,7% da produção brasileira de café, e 25,4% da produção mineira, com média de seis milhões de sacas produzidas anualmente.

O Cerrado é um bioma com estações climáticas bem definidas – verão quente e úmido e inverno ameno e seco. Os cafés são cultivados em áreas com altitude que variam entre 800 e 1,3 mil metros.

(*) Com informações do Sebrae Minas.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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